quinta-feira, 29 de setembro de 2011

O Mundo Socialista; Expansão e Apogeu



O autor analisa o sistema socialista embasado, principalmente, nas análises projetadas ao sistema soviético, no entanto perpassa por vários outros socialismos, como o europeu, o asiático, o africano, o cubano, etc. Nesse sentido, em sua introdução, trata de linearizar as transformações sofridas pelo mundo socialista tanto política, econômica e socialmente no intuito de trazer luz às manobras que tiveram a sua dialética em construção a partir da II Guerra Mundial.
Pode-se considerar, com a expectativa de uma melhor didática, percebendo acima de tudo que a imagem linear da História a cada dia mais não se sobrepõe às análises localizadas no tempo e no espaço, sobretudo com o advento das análises culturais dos movimentos Históricos, a divisão simbólica de três blocos de transformações pelos quais perpassou o socialismo: O período que compreende os anos de 1945 até 1954 é caracterizado pelo socialismo soviético; O período que compreende os anos de 1954 a 1975 é caracterizado por crises e apogeus, donde se podem apontar eventos e movimentos que subsidiaram às mesmas como, por exemplo: às Guerras do Vietnã, as contradições internas, a realidade incontornável do ponto de vista das relações internacionais; No entanto várias análises do momento apontam, grosso modo, que o socialismo estava em ascensão e o capital declínio. E um terceiro momento, que compreende os anos de 1975 a 1985 onde se cristalizou, na historiografia, que seria o momento de maior desenvolvimento do sistema socialista, no entanto, as contradições se acentuaram ainda mais, de forma que seriam necessárias profundas reformas no sistema, e neste momento o “sistema que pretendia encarnar o futuro passou a ser obrigado a examinar suas contradições e impasses, a avaliar seu passado, os problemas acumulados, e a definir novos rumos” (FILHO p. 14).
A análise política da situação da URSS, após a II Guerra Mundial nos faz crer que estava impregnada de força, era reconhecida por amigos e inimigos apesar do sofrimento de arrasamento de terras, sobretudo pelo lado ocidental, arrasamento causado pelas batalhas com os nazistas. Os valores que emanavam da vitoriosa Grande Aliança, mais do que nunca, pairavam nos ares de todas as nações envolvidas na Guerra, de modo a impulsionar ou oferecer maiores ânimos e perspectivas às populações, instituições e governos arrasados, deste modo valores como democracia, liberdade e igualdade estavam em pauta, recorrentemente, sobretudo em função carnificinas promovidas justamente pela falta destes valores durante a II Guerra Mundial.
Apesar de todas estas expectativas, as manobras adotadas pela URSS não condiziriam com esta perspectiva analítica, de forma que:

“as circunstancias da Guerra Fria, abertamente irrompida a partir de 1946, modelaram o futuro de outra forma, fazendo retornar a atmosfera dos ritmos febris, da tensão e do medo, típicas dos planos quinquenais experimentados ao longo dos anos 30.”  (FILHO


            Apesar dos indicativos de falibilidade dos novos programas quinquenais voltados, acima de tudo, para os mercados da indústria de ferro, aço, armas e ferrovias e das políticas dos métodos habituais como a de emprego do Terror: coação e inibição, mobilização das campanhas de identificação; delação e derrubada dos chamados inimigos do povo; nem mesmo as campanhas positivas, emulação entre unidades de produção e distribuição de prêmios trariam a aurora neste momento de tentativa de recuperação da URSS.
            Além de ter que lidar com um imenso território, já passível de certas regionalizações, o governa da URSS ainda enfrentaria especificidades colocadas em moldes únicos: as tradicionalíssimas políticas e costumes dos povos europeus seriam, ou teriam que ser, assimilados ao soviético. Isto significa dizer que de modo acelerado houve a unificação dos partidos socialistas e comunistas europeus. Para estes países europeus que estavam condicionados às tendências socialistas nasciam as democracias populares, que nunca foram democráticas, tampouco populares, condicionadas, desde o início, por uma aliança submissa com o poderoso vizinho.
            No mesmo contexto os países socialistas da Ásia construíam seu socialismo de acordo com suas adaptações e ansiedades. Dentre tantas singularidades, em relação à União Soviética, podemos perceber um movimento muito forte de associações de camponeses armados, exército guerrilheiro popular e apesar das proposições da organização de governos de união nacional não se imaginaria, nem mesmo os soviéticos (apesar do discurso em prol da democracia entoado pela Grande Aliança), que os comunistas pudessem vencer eleições e se assenhorear do poder. Apesar de certa independência política dos países socialistas em relação à URSS, percebemos que progressivamente todos os movimentos eram orbitados pelo planeta soviético socialista, como centro político.
            Há uma singularidade histórica para o contexto de centralização política soviética em relação aos demais países socialistas que justamente trata do contexto da movimentação política e social dos “comunistas Iugoslavos, e os vários povos que constituíam a Federação da Iugoslávia, [...] ,recusaram as ambições soviéticas e enfrentaram as campanhas de todos tipos feitas  para desestabilizar seu governo. (FILHO p. 20) . Projeto este que se intitulou socialismo autogestionário, no entanto esta seria a exceção que confirmaria a regra. A expansão do socialismo era a única grande certeza mundial.
            Em 1953, entretanto, o socialismo tem um abalo de referência muito grande. Com a morte de J. Stalin, e sua política sistemática que ficara conhecida como Stalinismo, apesar dos embates eram mais viris e agressivos no cunho político-ideológico, podemos perceber  empregar-se uma política de maior coexistência pacífica.                                                          
Kruschev que subira ao poder consegue abalar mais ainda o sistema, apregoando duras críticas à J. Stalin, principalmente a política de divinização ou simbologia, detectada no governo soviético de J. Stalin. Apesar de não se abdicar do socialismo, admitia-se na URSS, reorientações capitais e aspectos como a visita do novo líder soviético aos EUA em 1959. Analisa-se também o surgimento de um policentrismo socialista em detrimento ao monolítico soviético socialista que imperava até então.
            Já a política econômica se direcionou para o lado social, visando elevar os níveis de vida da população, o que gerou uma atmosfera ambígua onde pode-se detectar insegurança e dúvida e também confiança e euforia. A questão social de liberdade pode-se dizer que foi passível de maior liberdade. Percebe-se neste momento, também, frutos dos investimentos em tecnologia, como o SPUTNIK, que foi o primeiro satélite a orbitar a terra. Entretanto, é justamente neste momento que as contradições começam a se transparecer novamente. A questão da agricultura entranhada nas questões insolúveis para a manutenção do sistema, nunca conseguira se adaptar ou promover a atenção necessitada pelos governos soviéticos. Se soma, também, a questão da implantação dos mísseis soviéticos na Ilha de Cuba o que gerou enormes fissuras devido à política, sensata, de retroceder na questão de ameaça bélica aos EUA.                        
O criticado culto a personalidade entoado por Kruschev era detectável para ele mesmo, de forma a sensibilizar críticas severas em função da simbologia que se formava em torno dele, desembocando na sua queda em 1964, apontadas as questões de concentrações de poderes e subestimação do primado de direção coletiva socialista. O autor, entretanto, vislumbra vários aspectos positivos para o governo de Kruschev, dentre eles o voto sempre favorável em instancias internacionais pelos URSS, apoio bélico e diplomático em guerras e financiamento e apoio em implantação de faculdades e tecnologias nos países de seu bloco, ou que tinham tendência de ingresso na política socialista. Apesar da singularidade da conjuntura internacional e mesmo interna da URSS, existem várias discussões historiografias que apontam uma grande chance perdida rumo ao socialismo para o espaço de tempo que Kruschev liderou o bloco, no entanto como o próprio autor coloca o mesmo teria:
“limitações próprias de um homem politicamente formado nos anos 30 dentro da corrente dirigida por J.Stalin, o que se evidencia muito bem nas incongruências e na superficialidade [...] no fim, suas inúmeras iniciativas pareciam ter cansado às diversas correntes da sociedade.” (FILHO 2000, p. 25)

Com a queda de Kruschev e a instituição de um novo governo, que tinha como expressão máxima o secretário-geral L.Brejnev, solapou as iniciativas democratizantes do antigo governo em função da estabilidade, principalmente internacional. Mais uma vez, o discurso de alavancar a agricultura e outros aspectos da iniciativa Kruschev como o estímulo aos avanços qualitativos permaneciam. Este período ficara conhecido como socialismo desenvolvido, no entanto, “de outro ângulo, crítico, apareceu uma outra formulação: o socialismo realmente existente” (FILHO 2000, p. 26).
A desagregação do mundo imperialista que ocorria no contexto reforçou de forma única a expressão soviética, intelectual e política. Além de abastecer intelectualmente, com as ideias socialistas, a URSS apoiou de várias formas (belicamente, politicamente) as colônias que saiam do imperialismo apontando tendências socialistas. Entretanto, vemos que o país não conseguia alcançar metas nem estabilidade internas, de forma a não conseguir enfrentar a onda neoliberal que varreu o mundo, já nos anos 80, que emplacaria novos conceitos e concepções de Estado e Economia, bem como novas perspectivas às corridas armamentistas. A sonolência de todos os Estados que tinham gestão socialista, excluindo-se a China, que, obstante disto, não seguia os ditames internacionais da apostila socialista de Moscou, transpareceram uma necessidade de reformas da gigante URSS.

Referência:
REIS FILHO, Daniel Aarão. O Mundo Socialista: expansão e apogeu. In: REIS FILHO, Daniel Aarão; FERREIRA, Jorge & ZENHA, Celeste (Organizadores). O século XX. V.3: O tempo das dúvidas: Do declínio das utopias às globalizações. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000, p.11-33.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Às lutas descolonizadoras do Séc.XX: Ideologias e Belicismo.

A superioridade tecnológica e o discurso mantenedor do Imperialismo recente está nas mais variadas análises sobre o movimento. É importante, portanto, localizar movimentos relacionados às primeiras investidas colonizadoras a partir do Século XVIII, que seriam ostentadas pelas revoluções industrial e capitalista. Ásia e África tiveram seus domínios divididos, invadidos e reduzidos a colônias, desde o Século XVIII até o XIX, com movimentos de investidas dos países europeus, nos moldes das primeiras investidas ainda no Século XIV, quando do advento da navegação. Mais uma vez nota-se os interesses e discursos extremamente eurocêntricos, agora embasados nos interesse industriais, comerciais e de bancos, que estacionavam nas entrelinhas de qualquer argumento contrário, internados nos escudos do discurso de propagação de fé, os preponentes do Estado caracteristicamente burguês faziam do cotidiano da Europa simplesmente questões do imperialismo.
            Pode-se analisar a derrocada de todo o aparato imperialista, a partir de questões que perpassaram a II Guerra Mundial e seus reacionários. E de fato, a Guerra trouxera esperanças, sentimento, expectativas e novos conceitos postos em dialética com a negação da carnificina promovida pela falta de respeito às várias características do ser humano. A criação da ONU no contexto de necessidade de uma organização internacional que defendesse a paz entre os povos acelerou ou ativou o processo, também, de descolonização. Em função de um processo contraditório nas metrópoles e bastante longo e sofrido pelas colônias: “Na África, na Índia, na Indonésia, era como se ingleses, franceses, belgas, portugueses e holandeses começassem a sentir que a dominação do homem branco sobre o planeta Terra entrava em fase de extinção” (LINHARES 2005, p. 41).
            A busca de apoio das colônias por parte dos países envolvidos na Guerra acelerou a tomada de consciência dos povos colonizados enfraquecendo, assim, a imagem de superpotências perante as colônias, lembrando que as recompensas de autonomia ou independência nem sempre respeitadas. A Guerra, no entanto dividiria as tendências econômicas e políticas mundiais em dois grandes blocos: o Capitalista e o Socialista dando, então, sinal verde para a Guerra Fria. Este movimento pós-Guerra influenciou diretamente na descolonização, visto as ansiedades de ambos os blocos por setores estratégicos, como o dos minérios e combustíveis, por exemplo. Neste contexto vale lembrar que as instituições internacionais eram bem mais do que atenuadores de conflitos, e sim articuladores e executores de objetivos centrais da política do capitalismo.
            Um dos primeiros grandes passos para o começo da descolonização foi a atitude, não sem interesses ideológicos, da Inglaterra em descolonização da Índia, visto a dominação tanto da navegação quanto da produção, a Inglaterra abriria com isto precedentes a fim de abertura de maiores mercados.
            Mesmo tendo apoio nos EUA, perante a agitação crescente no interior do mundo imperializado, nota-se que a maior admiração e engajamento dos movimentos libertatórios alinhavam-se às ideias socialistas provindas do sistema soviético. Dentro das mais variadas especificidades de descolonização adaptavam-se os mais variados moldes socialistas ou capitalistas para os ditames dos novos governos instituídos, desta forma, tanto os EUA, temendo o alastramento do socialismo, quanto a URSS, aplicavam suas políticas de assistências aos países a fim de que engajassem nos respectivos sistemas.
            Desta forma, após a liberação dos países colonizados, pode-se perceber que a liberdade não significaria felicidade ou harmonia. O mundo continuava ideologicamente dividido, sob aspectos diferentes do contexto Imperialista, no entanto, os países que se formavam agora estariam presos de outras formas às grandes potências.


Referência:
LINHARES, Maria Yedda Leite. Descolonização e Lutas de Libertação Nacional. In: FILHO, Daniel Aarão Reis; FERREIRA, Jorge; ZENHA, Celeste (orgs.). O Século XX. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005. v. 2

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

A tentativa da Humanizaçao do Capitalismo; O Bem-Estar Social



Para ingressar na vida política e nos ditames ou controle da sociedade, os partidos “socialistas” tiveram que tomar um caminho que estivesse delineado dentro da “ democracia” que se instalava em larga escala na Europa, de forma a combater o espectro do autoritarismo da 2°Guerra. Desta forma, em detrimento ao caminho revolucionário, os degraus políticos eram os únicos que restavam, visto que não se encontravam condições necessárias para uma Revolução Social em espécie, o “proletariado” estava estafado de violência e bastava uma boa relação entre trabalho/capital/bem-estar, que tudo se acalmaria. Partilhando desta mesma idéia, PADROS (2008) nos aponta que os social-democratas propondo esta política e a colocando em prática “Pensavam que, se não eliminavam as contradições do capitalismo, ajudavam a combater as tensões mais visíveis. Neste sentido, tinham razão, pois não modificaram a estrutura econômica nem a relação de força existentes.” (PADROS 2008, p.248).
            A maior urgência em função dos movimentos de restauração da vida econômica e social abalada pela destruição da Guerra, que teriam que ser tomados pelos Governos seria a apreciação pela nova política, além das nacionalizações de empresas, aumento da produção, diminuição do número de excluídos da produção e crescimento de todo tipo de consumo, seria distribuição de uma maior faria de riqueza entre as massas: “Fundamentalmente deviam promover uma melhor distribuição de renda entre os setores menos aquinhoados. Aumentos salariais, subsídios, gastos e investimentos governamentais, prêmios, redução de impostos, oferta de serviços sociais etc” (PADROS 2008, p.250).
            A política de bem estar social vigorou durante quase trinta anos, de forma suficiente, mas já demonstrava contradições no começo da década de 70 do século passado. Vários autores delegam ao capitalismo às crises cíclicas, que por quaisquer motivos posteriormente detectáveis, se apresentam de tempos em tempos. No caso do enfraquecimento da política do bem-estar, pela atuação dos sociais-democratas, PADROS (2008) aponta que: “ao impedir a revolução, promovendo o compromisso de classe que imobilizou os setores sociais mais radicais, fortaleceu o mercado. O seu projeto de compromisso não só não eliminou as contradições estruturais do capitalismo como perpetuou a necessidade de manter sob controle os desequilíbrios”.

            O capitalismo e o “socialismo-democrata” deixaram o legado para a humanidade, dentro da política de bem estar social, de que a relação entre trabalho e capital pode ser mais amena em relação ao proletariado. Os aparatos sociais com todas as vantagens adquiridas nesse contexto pelo proletariado, até hoje é motivo de lutas políticas como às que vimos pelo aumento de dois anos no tempo de aposentaria na França a poucos dias. O capital, quando mais bem distribuído para a sociedade, é transformado em consumo e novamente volta a trazer uma maior qualidade de vida. No entanto, como aconteceu na década de 70, a fervorosa ganância dos grandes capitalistas, sempre inaugura uma nova forma de exploração, como a fuga das multinacionais para o “3° Mundo”, o que gera desemprego e crises em todo o sistema, em função de um maior lucros dos grandes capitalistas.

sábado, 20 de agosto de 2011

CUBA, EUA, URSS,,,


                               Cuba, EUA e URSS; O Détente.
Longe de sermos discpliscentes quanto às questões das bombas atômicas, bem como a questões dos perseguidos e massacrados pelos nazistas e as subsequentes consequencias, pretendemos dar maior enfase neste texto à questão da Pax Americana ou détente, que seria a estabilidade que se notou a partir de 62 quando os movimentos mais preocupantes, belicamente falando, foram, quase que de forma não surpreende, refreados nos movimentos que aconteceram nas cúpulas dos governos tanto Americano quanto da URSS, no contexto da iminencia da crise bélica e atômica. Para tal análise utilizaremos o texto de Vizentini: A Guerra Fria, produzido em 2000, fazendo paralelo com a matéria da revista Veja de outubro de 1962.
Nos anos que precederam às instalações de misseis nucleares na Baia dos Porcos em Cuba, nota-se grande desenvolvimento e expansão econômica, nuclear e espacial na URSS, e quanto a política também era singular a atuação soviética:
Kruchev implementou, ainda que com muitas deficiências, uma diplomacia realmente mundial, com programas de ajuda ao nacionalismo do Terceiro Mundo. A URSS percebia-se como potência e, nos marcos da coexistência pacífica, propunha-se a ultrapassar economicamente os EUA em pouco tempo.” (VIZENTINI 2000, p.208).


A partir da Revolução Cubana com a resistência à invasão dos EUA na Ilha e da subsequente adoção do socialismo como regime político, por Fidel e seus companheiros, a posição de Cuba se tornara estratégicamente excepcional à URSS, tanto militarmente contra os EUA, quanto politica e ideologicamente na intenção quanto aos países latino americanos que passavam por turbulencias econômicas e políticas e o contexto de integração americana não estava tão satisfatório, visto às ditaduras que eram "mantenedoras" das maiorias dos países latino-americanos.

A ameaça nuclear contextualiza-se, sobretudo, a partir destes movimentos políticos. A tensão maior exposta a partir do implante dos mísseis em Cuba representou-se, das mais variadas formas e em vários meios de comunicação da época e nos vários países do planeta, e portanto se aponta o tratamento dado pela revista Veja aos episódios que ocorreram a partir da descoberta dos mísseis instalados em Cuba pelos EUA. Segundo a representação que se fez dos movimentos pela revista, apesar do real perigo quanto o disparo dos mísseis em seu território, os EUA tomaram manobras cautelosas que, sobretudo, resguardaram a continuidade da humanidade:
Sabendo que ganharia o apoio de todos os países não-alinhados a Moscou, o presidente decidiu não fazer nenhum movimento brusco, oferecendo tempo e espaço para que Kruschev sentisse a pressão e recuasse.”. (VEJA 10/1962)
“Sensatez” também acomodada pelo lider soviético Kruschev, que depois de várias rodadas de negociações e tratados, usou da humanidade que carregava dentro de si para dar fim aos embrólios nucleares que, se acontecessem dariam fim a humanidade: 
“A intrepidez do comandante vermelho durou onze dias repletos de temores, reuniões secretas, mobilizações militares e lances de desespero. Ironia suprema, Nikita Kruschev, o soberano de um império que se vangloria de sua frieza e destemor diante do sentimentalismo dos ocidentais, foi o primeiro a sucumbir.” (VEJA 10/1962).
Vemos que os limites da tensão estava à nossa porta e na mão de dois homens: Kennedy e Kruschev. A tênue linha que separou a catástrofe atômica da sensatez empregada por estes homens fora produto da Guerra Fria: Uma luta por poder bélico, econômico, geográfico e sobretudo de poder, que usou dos mais variados meios e táticas para tais conquistas. 






Bibliografia:
PADRÓS, Enrique Serra. Capitalismo, prosperidade e Estado de Bem-Estar Social. In: REIS FILHO, Daniel Aarão; FERREIRA, Jorge & ZENHA, Celeste (Organizadores). O século XX. V.2: O tempo das crises: Revoluções, fascismos e guerras. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000, p. 227-266.


Revista VEJA; Outubro 1962